O velho senta-se. Olha o grupo à sua volta. Crepita suave uma fogueira no meio deles. Os olhos envelhecidos e chorosos parecem rir. Limpa a garganta e ergue as mão como se começasse a ver uma imagem à sua frente. Depois a palavras brotam-lhe roucas, cavas e céleres. O Contador de Histórias enche a noite e enche as almas. As histórias seguem-se uma atrás da outra e imobilizam o público na noite que corre. Quando o galo canta na manhã, o Contador de Histórias tem a cabeça caída sobre o peito. O seu corpo arrefeceu. Todos sabem que foi a sua última noite e meditam silenciosamente sobre o acontecimento. Enquanto pegam no corpo leve do velho, um menino, sem mais de seis anos, sorri, ergue as mãos como se visse uma imagem à sua frente e ensaia as suas palavras.
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